As vezes alguns jogos ficam perdidos nas prateleiras das lojas apenas porque pouco se deu importância para seu lançamento, fazendo com que ótimas obras fiquem esquecidas ou subestimadas. Enslaved é um desses jogos que quase não se ouve falar, mesmo sendo uma obra belissima. Lançado em 2010 para PC, Playstation 3 e Xbox 360, pela Ninja Theory, é um jogo de ação e aventura por um mundo pós apocalíptico.
História
Em um mundo devastado por uma guerra que aconteceu há um século e meio, os sobreviventes precisam se proteger dos robôs remanescentes que os capturam e os levam para um lugar desconhecido. Monkey está sendo transportado em uma dessas naves de captura, até que consegue se soltar com sua força bruta. Triptaka (Trip), uma garota ruiva, consegue se soltar usando sua inteligencia e corre para sua liberdade.
Após escaparem da nave e da morte, Trip coloca uma bandana de escravidão hackeada para controlar Monkey, uma vez que ele parece ser sua unica forma de sobreviver naquele mundo hostil. Apesar de não gostar da atitude da garota, Monkey não tem outra escolha, pois caso a garota morra, ele também morrerá. Ambos devem seguir para o Oeste e chegar na cidade de Trip, atravessando um Estados Unidos destruído.
Personagens
Um dos pontos mais altos do jogo são seus personagens. Monkey e Trip nos conquistam rapidamente com seu carisma. Falarei somente dos dois personagens principais, pois falar de outros pode trazer spoilers e acabar com a sua diversão.
Fica o shipping ai para vocês. |
Trip é inteligente e determinada, sabe mexer nos painéis eletrônicos e hackea-los. Vê em Monkey sua única ajuda para conseguir chegar até sua casa, por isso o escraviza com uma bandana para que ele não a abandone ou a traia no meio da viajem. Ela sabe que vai ser difícil conquistar a confiança do rapaz depois disso. Como não sabe lutar, fica a seu cargo destrancar portas, chamar atenção dos inimigos para Monkey avançar, localizar minas terrestres e o caminho a ser seguido. Seu nome - Triptaka - refere-se a uma compilação dos ensinamentos budistas.
Sobre o Jogo
Pode-se notar que a história é uma releitura da história da Jornada ao Oeste, um romance mitológico chines onde um monge peregrina para a Índia em busca de escrituras sagradas do budismo, e conta com a ajuda do rei macaco. A história é contada nos diálogos entre os personagens, mas nem mesmo eles sabem de tudo o que ocorreu antes e durante a guerra, a unica certeza que tem é o que está acontecendo após ela, com pessoas sendo capturadas por robôs sem motivo aparente.
A mecânica é simples. É um jogo de aventura onde você luta contra robôs dos mais diversos tipos e pula no cenário para prosseguir seu caminho. A movimentação é fluida, apesar da câmera durante as batalhas atrapalhar, já que tem algumas partes do cenário em que ela muda de angulo. Os golpes não são variados, assim como os tiros que seu bastão faz, que serve unicamente para atacar inimigos de longe ou destruir escudos de alguns robôs.
Em alguns momentos você precisa proteger Trip, ou ela precisa distrair os inimigos para você avançar, mas tudo isso fica em suas mãos em um simples comando em que você escolhe o melhor momento para ela agir. Isso faz com que ela não te atrapalhe durante esses momentos.
Seus gráficos são bons, mas nada que já não tenha visto antes. A ambientação pós guerra é bem diferente daquele mundo sem vida estilo Mad Max que estamos acostumados a ver em vários lugares. Aqui a natureza tomou conta do ambiente, e tudo é bem colorido e demonstra que ainda há vida, mesmo que não humana ou animal. A trilha sonora é ótima, mas ela só funciona dentro do jogo, pois seu ritmo não é interessante de ouvir sem o gameplay.
As expressões faciais dos personagens são espetaculares, assim como sua dublagem (só em inglês). Elas conseguem passar todas as emoções dos personagens perfeitamente, te fazendo rir ou ficar preocupado com eles, além de ajudar a construir a relação dos dois com muito mais naturalidade.
Apesar de ser um jogo bom e divertido, ele possui um elemento extremamente chato. Para você upar, precisa pegar orbes laranjas espalhadas pelos cenários. O problema é que elas sempre estão longe, fazendo com que você tenha obrigatoriamente que explorar o cenário e pega-las. E infelizmente o jogo só tem isso para você pegar, e umas máscaras que mostram imagens misteriosas, o que deixa o fator exploração bem massante e chato.
Minha Opinião
Além disso, ele deixa muitas perguntas abertas, até porque não temos informações sobre o que aconteceu na guerra, nem mesmo os personagens sabem muita coisa, já que se passaram 150 anos e não existem registros claros pelos locais que você passa. Você só sabe que existiram comunidades humanas por ali.
Tem ótimos momentos de tensão e humor, este último que fica por conta das piadas que o "porco" faz com Monkey. O final é surpreendente e fora daquilo que você imaginava que poderia acontecer, deixando aberto para imaginar o que se seguiu. Não deixe esse game passar batido se você aprecia um bom jogo com uma ótima história.