IS é um dorama lançado em 2011, baseado em um mangá de 2003 com o mesmo nome. Já adianto que não sou de ver esse tipo de mídia, mas por causa do tema, eu resolvi dar aquela chance. Se você não gosta ou não é adepto em assistir doramas, te digo uma coisa: de uma oportunidade para esse aqui, porque vale muito a pena.
História
A história gira em torno de Haru Hashino, uma pessoa considerada IS, que é alguém que nasce sem um sexo definido, nem homem, nem mulher. Haru foi registrado como menina, mas durante seu crescimento, se identificava como menino, e assim foi criado.
No primeiro dia de aula, ele faz amizade com uma garota chamada Miwa, que acaba se tornando muito ligada a ele. As coisas parecem ser fáceis, mas aos poucos Haru vai percebendo o quão difícil é se manter em segredo, uma vez que ele foi criado para ser verdadeiro com as pessoas, e ainda precisa lidar com as angustias e medos da adolescência.
Sobre o Dorama
Normalmente, quando se pensa em alguma produção japonesa com pessoas atuando, vem a mente aquelas cenas trashes de filmes de terror, onde todo mundo força expressões, ficando uma coisa muito feia de se assistir. Mas não se preocupe, pois em IS a atuação é boa. Os atores se expressam bem, passando a emoção necessária para a delicadeza do tema da história.
Não conheço ninguém do elenco, já que eu não acompanhando esse tipo de mídia. Mas em geral, posso dizer que gostei de todos, já que os personagens são bem construídos. Ainda mais para um tema tão delicado e cercado de preconceitos, e é nesse ponto que quero me aprofundar mais.
IS significa intersexual, que está entre o feminino e o masculino, ou em uma palavra de compreensão mais fácil: hermafrodita. Mas utilizarei o primeiro termo, que é o significado da sigla.
Esse tipo de pessoa realmente existe na nossa sociedade. Normalmente essas pessoas se escondem, ou passam por uma adequação do sexo ainda quando crianças, para que não haja problemas quando adultos. Entretanto, os pais de Haru preferiram deixar com que seu filho escolhesse quando crescesse o que ele desejaria ser. É uma escolha muito corajosa, já que vivemos em um mundo extremamente preconceituoso e nada acolhedor para com pessoas diferentes, ainda mais em relação ao sexo e gênero.
Eu me surpreendi com essa história. Ela tem um bom equilíbrio entre o humor e o drama, consegue expor informações sem ser muito massante ou chato, e nos faz se apegar aos personagens rapidamente. Recomendo fortemente esse dorama.
Minha Opinião (com spoilers)
Eu não lembro quem ou onde eu vi a recomendação para assistir IS, mas agradeço imensamente a pessoa que fez isso, mesmo não sabendo quem foi, ou se ela estará lendo essa matéria.
Toda a história é envolvente, e Haru é um ótimo personagem, mostra não só suas certezas e seu jeito honesto e verdadeiro de viver, mas também tenta ajudar Miwa a lidar com seus problemas familiares e de aceitação, mesmo que ela seja escrota com ele várias vezes. Tudo isso é explicado por conta da repressão da família que não aceita que ela tenha nascido IS, e querem de toda forma que ela seja uma mulher completa, o que faz com que ela cometa loucuras por não se aceitar.
Isso, de certa forma, mexeu comigo, e me impressionei que um país tão conservador como o Japão produziu uma obra tão sensível e respeitosa com uma minoria. Não sei, obviamente, como foi a recepção lá, mas vindo pra nossa realidade, se uma novelinha das 9 que tenha um casal gay já faz um estardalhaço, imagina se passasse um dorama com uma história dessas aqui? É por isso que acaba sendo algo de nicho, o que é uma pena, porque é algo tão bom, mas que passa despercebido.