terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Bioshock Infinite

12:00:00 Escrito por Nyu , , ,
A mente do paciente lutará desesperadamente para criar memórias onde elas não existem...


Esqueça Rapture ou qualquer cidade distópica dentro do oceano em que um homem ateu tentou construir uma sociedade baseada na racionalidade e no livre comércio. Desta vez iremos para Columbia, uma cidade flutuante utópica comandada por um patriota fanático religioso idealizando o sonho americano.

Bioshock Infinite é o terceiro jogo da franquia Bioshock, desenvolvida pela Irrational Games, lançado em 2013 para Xbox 360, Playstation 3 e PC. Ele não é uma sequencia de Bioshock e Bioshock 2, então não há problema em não ter jogado os anteriores. Possui duas DLCs, mas este artigo tratará apenas do jogo principal.

História

A história de Bioshock Infinite acontece em 1912, quando Booker DeWitt recebe uma proposta para resgatar uma garota para quitar sua dívida. Ele é um ex-agente da Pinkerton, uma entidade privada de segurança e detetives dos EUA de 1850, e agora precisa ir até Columbia, uma cidade flutuante e utópica para cumprir sua missão. O lugar se mostra perfeito, com pessoas felizes e sem nenhum tipo de violência nas ruas, além de ser um lugar limpo e bem organizado, mas que no fundo, esconde preconceito racial e social, trabalho quase escravo e ultranacionalismo exacerbado.

Comstock é um fanático religioso e fundador de Columbia. Segundo sua profecia, um falso profeta aparecerá para destruir a cidade e levar seu cordeiro, e será identificado com as letras AD em sua mão. Elizabeth é a garota que precisa ser resgatada, e está mantida em uma torre em forma de anjo e protegida por Songbird, uma enorme máquina em forma de pássaro, semelhante aos Big Dads. No entanto, esse resgante não será fácil, afinal, está prestes a eclodir uma guerra civil entre os ultranacionalistas nobres e o povo menos favorecido.

No entanto, o que ele não esperava era que Elizabeth pudesse criar fendas que o levam para outras realidades, e que poderia dar novos rumos nos problemas que se meteu, e quem sabe, conseguir tirá-los de Columbia.

Sobre o Jogo

Bioshock Infinite é um jogo de tiro em primeira pessoa com uma história profunda, bem envolvente, de belos gráficos e muita ação. A jogabilidade é dinâmica e fácil de entender, em poucas horas de jogo já consegue se adaptar a todos os comandos e entrar na ação nas mais variadas formas, assim como criar várias estratégias durante o combate.

Bioshock Infinite tem um sistema de poderes equivalente aos plasmids, os vigors, ajudando a variar a estratégia no tiroteio. Você também conta com ajuda de Elizabeth que, durante todo o combate, fica te jogando itens de recuperação e munição, ou utiliza seus poderes em determinados momentos para criar esses itens, proteções ou maquinários para te ajudar. E não precisa se preocupar com ela, pois quando o combate começa, a moça simplesmente se esconde atrás de muros, pilastras e qualquer outro lugar que seja seguro, e os inimigos não vão ataca-la, afinal, ela é o cordeiro que devem resgatar

Os gráficos são um show a parte, bem detalhado e estruturado, com pouca queda queda nos frames. No computador com uma boa placa de vídeo, Columbia se torna uma cidade belíssima. No Xbox 360 algumas coisas passam despercebidas como detalhes de casas quando se olha do alto e ao longe da cidade, ou alguns serrilhados básicos, mas que são só percebidos quando não se está na ação.

Já os personagens de cenários, apesar das características próprias da franquia, são muito parecidos. Nenhum deles se destaca se não for importante para a história, parecendo que todos são cópias uns dos outros, sejam eles os civis ou os guardas. Apesar disso, esses personagens aleatórios reagem a sua presença, se incomodando se você ficar próximo por muito tempo ou fazendo comentários.

Existem algumas opções de difículdade em Infinite: fácil, normal, difícil e o modo 1999. Este último, acessado apenas após finalizar o jogo pela primeira vez, é o ultra hard do jogo, para aqueles que gostam de um belo desafio. Um detalhe que deve ser falado é que durante o jogo você tem que fazer algumas escolhas, e elas são apenas estética para a história. Porém, quando entra no modo 1999, essas escolhas refletem na quantidade de respawns e de munição durante sua jogatina, o que pode mudar sua estratégia de jogo, e por isso deve ser avaliado com cuidado.

Os Inimigos, Songbird e Vox Populi

Ao contrário de pessoas deformadas e bizarras de Rapture, Columbia possui guardas - homens e mulheres - que tentarão te parar a todo custo, máquinas plantadas em lugares estratégicos, patriotas motorizados que irão te dar dor de cabeça, homens máquinas que lembram a brutalidade dos Big Dads, entre outros. Eles são inteligentes e quando atacam em grupo, conseguem dar um belo trabalho, e muitas vezes o jogador se verá em grandes apuros. Quando menos se espera um inimigo surge pelas costas atirando ou batendo, pulando pelos aerodromes - linhas férreas por onde passam os bondinhos - ou máquinas escondidas atrás de arbustos que atacarão o jogador assim que estiver na sua vista. Apesar da maioria serem guardas da cidade, os inimigos podem ser divididos entre fracos, médios e fortes, sendo que estes últimos possuem pontos fracos para serem derrotados.


O maior e mais perigoso dos inimigos é Songbird, o protetor de Elizabeth. É ele quem os perseguirá até o fim para salvar a garota do falso profeta que quer destruir a sociedade de Columbia. Sempre que aparece, ele piará alto o suficiente para saber que está chegando. É aqui que vemos uma relação que lembra  a dos Big Dads com as Little Sisters nos jogos anteriores: Elizabeth adora Songbird, pois ele sempre esteve ao seu lado desde criança, mas quer sua liberdade, e para isso sabe que deve fugir de seu protetor.

Os problemas não se resume apenas aos inimigos, mas também a sociedade em si. Columbia é quase o paraíso no céu, um lugar pacifico, limpo, sem criminalidade, organizado e todos vivem bem, ao menos se você for branco e rico. Por detrás dessa máscara, existe um forte racismo contra negros, orientais e qualquer um que não seja branco, transformando essas pessoas em cidadãos de segunda classe, segregando-os e excluindo dessa sociedade, fazendo-os ser quase escravos, trabalhando em serviços pesados. Pobres também estão fadados ao sofrimento, mesmo que sejam brancos. Com esses problemas, surge um grupo chamado Vox Populi.

Vox Populi é um grupo de insurgentes liderados por  Daisy Fitzroy, uma mulher negra, que rejeita a ideologia puritana e xenofóbica do profeta. No inicio eles são apresentados como meros anarquistas que só querem atrapalhar a progressão da cidade, fazendo protestos e manifestações pela classe operária e grupos oprimidos até que surgiram os militares entre os membros da organização. Inicialmente a Vox Populi não queria aderir a nenhum tipo de ideologia particular, e sim romper a barreira social e racista que Columbia possuía. Conforme a história prossegue, ela vai mudando até seu estopim, e as coisas ficarem mais tensas entre eles e a sociedade de Comstock. Booker se vê no meio de um problema maior do que apenas resgatar uma garota.

A Trilha Sonora e os Voxophones

Para um jogo ser marcante não precisa somente de uma ótima história, gráficos bonitos ou personagens cativantes, mas também de uma trilha sonora que nos coloca no clima. Diferentemente dos outros Bioshock, Infinite não só conta com músicas tensas ou sombrias, mas também com as alegres e agitadas. A trilha sonora aparece nos momentos exatos, criando climas de tensão ou agitação, nos envolvendo com a história e com o jogo cada vez mais. Também há músicas nas vitrolas e em rádios, cantadas na moda da época, e todas elas são covers de músicas que realmente existem, mas falar mais perderia a graça de entender esse detalhe do jogo.

E falando em Voxophone, eles nunca poderão faltar em um jogo de Bioshock, e o texto traduzido que pode ser conferido no menu. Grande parte da explicação do jogo vem desses mecanismos escondido por todo o cenário, e graças a tradução para português, fica mais fácil de entender a história. Apesar de escondidos, não são difíceis de serem encontrados.

Elizabeth e Booker

O protagonista e a estrela do jogo. Apesar de Booker ser o principal, Elizabeth é quem rouba todas as cenas. Personagens muito bem construídos, a vida de ambos é tão entrelaçada com a história do jogo que é impossível alguém não ter se simpatizado com eles.

Booker DeWitt é um ex-agente da Pinkerton que agora trabalha como investigador particular. Por conta dos problemas em sua vida, Booker se tornou alcoólatra e viciado em jogos de azar, e por conta disso, ele contraiu dividas. Para pagá-las, ele foi contratado para retirar uma garota que estava na cidade de Columbia e entrega-la para um homem misterioso.


Elizabeth é uma garota que vive na torre em forma de anjo construída para protegê-la do falso profeta. É capaz de abrir fendas para outras dimensões, trazendo coisas existentes de um mundo para o outro. Protegida por Comstock, ela tem como amigo, protetor e carrasco Songbird, que não a deixa sair da torre por nada. Filha do profeta, ela é a prometida para salvar o mundo de uma profecia vista por ele, em que o mundo acabaria em chamas e Columbia seria a única cidade salva, mas falso profeta iria levá-la de lá, então todas as pessoas deveriam ficar de olho em qualquer suspeito com um "AD" nas costas da mão. Inteligente, bonita, ótima em desenho, dança e canto, é alegre, inocente e inconsequente, e mesmo que tenha sido confinada por muitos anos na torre, possui um espírito livre. E o mais importante: sabe destrancar fechaduras.

Ambos são ótimos personagens, sempre entrando em conflito pelo modo de agir e de suas idéias sobre várias questões serem diferentes. Elizabeth nunca está confortável quando Booker está atirando em todo mundo, e apesar de entender o motivo, sempre será transmitido em suas expressões o quão incomodada ela está. Alias, suas expressões são muito bem trabalhadas, sejam faciais, corporais ou vocais.

Minha Opinião

Ele é um ótimo jogo com uma história incrível, personagens complexos e bem interessantes. Não é apenas um "resgate a princesa", pois ele traz várias questões como já dito mais acima, o que nos fará se perguntar no final do jogo sobre todas as coisas que aconteceram ali. Ele possui sim seus defeitos, mas não se tornam um problema que vá atrapalhar a experiencia do jogo.

Bioshock Infinite trouxe várias discussões acerca do racismo e segregação social, que pode passar batido em jogadores que apenas querem explodir cabeças e não ligam para a história, mas pode se tornar uma ótima discussão de mesa entre amigos. Não só isso, mas também sobre Elizabeth e Booker, mas que é claro, não compete a este artigo tal discussão. Discutimos um conceito que o jogo traz em nosso artigo sobre viagens no tempo e no espaço, já que o poder de Elizabeth segue um pouco essa idéia. Clique aqui e confira.

Para aqueles que gostam da franquia, vale a pena joga-lo, ou então para quem gosta de FPS e quer um cenário e situações bem diferente para seus tiroteios. Fica aqui nosso vídeo demonstrando um pouco sobre o jogo: