Todos que acompanham tanto o site quanto o canal já devem ter notado o meu amor por jogos pixelados, que em parte vem pela limitação de hardware, em parte porque eu amo os detalhes e cuidado que esse estilo costuma ter. Jogos de plataforma, metroidvanias e jogos que te fazem forçar suas habilidades como jogador também me agradam, e principalmente aqueles jogos em que, depois de gastar umas boas 7 horas pra zerar a primeira vez, você inicia de novo e finaliza em menos de uma. E em seu 4º título, a série Momodora conseguiu fazer tudo isso e um pouco mais.
Momodora: Reverie Under the Moonlight foi desenvolvido pela Bombservice e lançado para Windows em março de 2016. Ele serve como um antecessor para os outros jogos da série, se passando 400 anos antes dos eventos mostrados em Momodora I.
História
O mal se espalha, os mortos se levantam e a escuridão reina, dominando mais e mais o mundo. Resta a Kaho, uma sacerdotisa da vila de Lun, ir até Karst para se encontrar com a Rainha e detê-la. No caminho, ela terá que cruzar boa parte da cidade, conhecendo mais sobre sua história, os poucos habitantes ainda vivos, e as várias criaturas amaldiçoadas que ali residem. E embora conte com o auxílio de alguns personagens, no fim a sacerdotisa só pode contar com sua Folha de Bordo, seu arco, muita velocidade e persistência.
Sistemas
Momodora é simples. Além de andar, você pode dar pulos duplos, bater com sua folha, disparar o arco ou carregá-lo para tiros mais fortes, esquivar (dando uma rolagem que te torna inatingível), trocar e usar seu item ativo. Durante o jogo você vai receber upgrades para todas essas habilidades. A personagem pode equipar três itens ativos, as magias e poções do jogo, e dois itens passivos, que dão bônus constantes.
Os itens ativos contam com uma certa quantidade de usos, e sempre são restaurados ao rezar ou tocar os sinos, que funcionam como pontos de save. Uma característica interessante é a possibilidade de atacar o sino em vez de abrir o menu para rezar, agilizando muito o gameplay. Você também tem um mapa para ajudar a se localizar entre a vasta quantidade de telas. Infelizmente, para o leve desespero de pessoas com memória curta, o mapa faz pouco além de te mostrar a tela em que você está, com quais ela se conecta, e em quais delas existem sinos, sem mostrar exatamente em qual das áreas ela pertence. E nem quando você finalmente libera o teleporte entre alguns dos sinos principais o jogo te dá um desconto: você precisa lembrar de cabeça o nome de cada lugar.
Isso também leva a um pequeno problema com o menu de itens: eles sempre ficam na ordem do primeiro para o último que você pegou ou desequipou, além de só os itens chave terem imagens de prévia. Por sorte o jogo pausa quando você entra no menu, o que te dá todo o tempo do mundo pra procurar o que você quer.
Jogabilidade
Momodora 4 (para facilitar) tem obviamente uma série de influências, principalmente por ser um metroidvania e ter um tipo de dificuldade e narrativa atribuído recentemente a série Souls, além do que eu considero uma inspiração leve de Touhou na direção de arte e no fato de praticamente todas as personagens importantes serem garotas ou monstros que já foram mulheres. Entretanto é muito difícil julgá-lo como se ele fosse uma colagem de todas essas partes, pois ele aproveita cada um de seus elementos para construir uma identidade própria. Sua direção artística é incrivelmente bonita, e todos os personagens e cenários entram em harmonia tanto visual quanto conceitual, e é difícil encontrar algo que pareça deslocado. A história, contada a conta-gotas através de diálogos simples, descrições de itens e dos cenários, vai se desenrolando aos poucos na sua cabeça de uma forma muito natural.
Os mapas se ligam de forma consistente, e os diversos atalhos que você encontra, junto com a mecânica de bater em sinos para ativá-los deixa claro a intenção do jogo: ser jogado mais de uma vez para fazer o jogador testar suas habilidades, de forma mais rápida e mais letal. As conquistas reforçam essa intenção, tendo algumas como terminar o jogo sem matar nenhum inimigo comum, explorando 100% do mapa, e tendo coletado todos os colecionáveis.
O jogo também conta com quatro opções de dificuldade:
- Fácil, na qual você começa com um item passivo que te cura com o tempo e um que aumenta sua invulnerabilidade em rolagens e depois de tomar dano.
- Médio, a padrão.
- Difícil, onde existem mais inimigos que o normal, e você tem menos vida.
- Insano, que só é liberado ao terminar no difícil. Qualquer golpe te mata automaticamente
As lutas de chefe são todas muito boas, já que cada uma tem padrões e visual muito únicos, e uma segunda fase, onde ganham novos padrões ou intensificam os já existentes. Mas uma coisa se destaca: com exceção de dois subchefes sem nome, todas as chefes do jogo te dão um item especial caso você consiga derrotá-las sem sofrer dano, algumas vezes uma versão melhorada de um item que você pode achar ou comprar, exceto em dois casos onde você pode comprar um item com o mesmo efeito por um preço bem alto.
Impressões
Eu adorei Momodora 4 de forma que não esperava adorar. Já tinha Momodora III na Steam, e apesar de ser um jogo divertido, não tinha achado-o nada de mais. O 4 me surpreendeu em todos os aspectos, me fazendo grudar na cadeira e completar basicamente todo o jogo em três dias. Embora eu tenha apontado problemas sobre o mapa e o menu de itens, elas são menos reclamações e mais sugestões de melhora. Eu provavelmente vou jogar o I e o II logo, já que eles são gratuitos no site do autor, que inclusive é brasileiro! Momodora: Reverie Under the Moonlight é um jogão (apesar de ser curtinho), e merece:
Agora com licença que eu tenho uma conquista de modo Insano para fazer. Boa semana!
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